A inteligência artificial tem avançado rapidamente, mas o acesso a essa tecnologia está se tornando cada vez mais desigual entre os países. Atualmente, a corrida pela inteligência artificial criou uma divisão clara no mundo, separando as nações que possuem centros de dados e poder computacional avançado daqueles que ficam à margem desse desenvolvimento. Essa disparidade representa um desafio global, com impactos profundos na economia, geopolítica e no futuro da inovação tecnológica.
Os Estados Unidos, a China e a União Europeia concentram a maior parte dos centros de dados especializados em inteligência artificial, o que lhes garante uma vantagem significativa no desenvolvimento de sistemas avançados. São poucos os países que detêm essa infraestrutura, necessária para treinar e operar modelos complexos de IA. Em contrapartida, grande parte da África, América do Sul e muitos outros países não possuem sequer um centro de dados capaz de sustentar projetos tecnológicos dessa magnitude, o que os deixa dependentes e em desvantagem competitiva.
Essa concentração do poder computacional reforça a influência dessas regiões na economia digital global e nas decisões políticas relacionadas à tecnologia. Empresas e governos que controlam esses centros têm a capacidade de direcionar o rumo da inovação e garantir o domínio em áreas estratégicas, como pesquisa científica, automação industrial e segurança cibernética. Além disso, o controle sobre o acesso a componentes essenciais, como microchips avançados, tem se tornado uma questão central nas disputas comerciais e diplomáticas.
A disparidade no acesso à inteligência artificial não afeta apenas a economia, mas também limita o desenvolvimento de startups, a criação de novas soluções tecnológicas e a retenção de talentos em regiões menos favorecidas. Países sem infraestrutura adequada enfrentam dificuldades para participar plenamente da revolução digital, o que pode ampliar ainda mais as desigualdades já existentes. Essa situação torna a soberania tecnológica um tema urgente, com muitos governos buscando investimentos para ampliar suas capacidades locais.
A dependência de centros de dados estrangeiros para uso de inteligência artificial gera desafios adicionais, como custos elevados, velocidade de conexão limitada e dificuldades para adequar-se às legislações de outros países. Startups em países como o Quênia exemplificam essas dificuldades ao precisar ajustar suas rotinas para operar em horários com menor tráfego e buscar parcerias para viabilizar seus projetos. A proximidade física e tecnológica é um fator crítico para o avanço de empresas inovadoras e para o fortalecimento dos ecossistemas locais.
Enquanto isso, os investimentos em infraestrutura de IA continuam concentrados principalmente em países desenvolvidos. Gigantes da tecnologia dos Estados Unidos anunciam aportes bilionários para expansão de seus centros de dados, muitas vezes superiores aos orçamentos nacionais de países inteiros. Essas iniciativas reforçam a posição dominante dessas empresas e nações, acentuando a lacuna entre os que têm acesso a recursos tecnológicos avançados e os que permanecem à margem da transformação digital.
Além dos aspectos econômicos, o acesso desigual à inteligência artificial pode influenciar a geopolítica global, uma vez que o controle sobre o poder computacional se assemelha ao controle de recursos estratégicos tradicionais, como petróleo e gás. Países que detêm essa tecnologia podem exercer influência significativa sobre aliados e adversários, estabelecendo alianças e restrições comerciais baseadas no acesso a equipamentos e dados essenciais para o desenvolvimento da IA.
Diante desse cenário, torna-se fundamental que políticas públicas, investimentos e cooperação internacional sejam direcionados para reduzir essa divisão digital. Ampliar o acesso a centros de dados e capacitar profissionais em países menos favorecidos são passos necessários para garantir que a inteligência artificial seja uma força democratizadora e não um fator de exclusão. O futuro da tecnologia depende da capacidade global de construir uma infraestrutura inclusiva, capaz de atender às demandas de uma sociedade cada vez mais digital e conectada.
Autor: Dennis Smith